quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

O problema das reprovações é o celular na sala de aulas?

O ministro de Educação e Desenvolvimento Humano, Jorge Ferrão, anunciou que a partir do presente ano lectivo o uso de telemóveis nas salas de aulas passa a ser proibido nas salas das escolas secundárias públicas.

Falando em Alto Molócuè aquando da abertura do ano lectivo, Ferrão explicou que em muitas ocasiões, os professores interrompem aulas para atenderem chamadas ou mandar “sms” e quando assim acontece, os alunos também aproveitam-se e também fazem a mesma coisa que o professor fez.

Isso na óptica do ministro perturba a concentração quer do professor assim como do aluno. O uso de telemóveis, vulgos celulares nas salas de aulas é visto como uma das causas de baixo aproveitamento pedagógico nas escolas um pouco pelo país.

Ora, vamos ser sérios, numa época em que as Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) tendem a ser meios de grande valia em toda a esfera de desenvolvimento e em muitos países as TICs (smartphones) são incentivadas como meios de ensino e aprendizagem, mas nós queremos banir?

A Directora Nacional do Ensino Secundário, Samaria Tovela disse que falta aqui uma clarificação da medida através do Diploma Ministerial, mas adianto-me com algumas questões:
  1. Quantos alunos (idades) usam celulares (smartphones) nas salas que perturbam o decurso das aulas?
  2. Quem tem acesso à Internet para usar no celular enquanto decorre a aula?
  3. E no ensino privado os celulares não perturbam o ensino?
  4. Quantas bibliotecas temos para fazer consultas sobre algumas matérias?
  5. Quem vai fiscalizar a medida num contexto em que o sistema de educação carece de inspectores para controlar a própria qualidade do ensino?
A medida pode ser válida num contexto em que muitos estudantes no lugar da pesquisa podem se entreter com outras questões alheias às aulas, porém, aqui apela-se a uma medida que possa regular aliando a sua mais valia com questões do ensino o seu uso e não banimento.

Embora acarrete custos e uma engenharia de alto nível, podia sugerir que a Internet no recinto das escolas abra apenas um determinado tipo de páginas e bloqueie aquelas que se consideram ''inoportunas'' para os alunos (por exemplo: whatsApp, portais de pornografia, etc).

O problema da nossa educação não está no celular, o seu banimento não vai trazer nada de novo, muito pelo contrário, pode fazer com que alguns professores abandonem às aulas para atender os celulares fora da sala.

Aqui neste país todos sabemos que é o sistema de educação que está "avariado" e precisa de uma reforma profunda e não de medidas paliativas.

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