Desde
o despoletar das dívidas ilegais, Moçambique conhece momentos difíceis
na sua economia, o que agrava de forma directa o bem-estar dos cidadãos.
Entre os relatórios da Kroll e da Comissão Parlamentar de Inquérito,
pouco se sabe o que está em falta para o que este caso conheça o seu
desfecho, mesmo que esta seja uma das maiores exigências por parte dos
financiadores da ajuda externa de Moçambique. Recentemente, o Presidente
da República, Filipe Nyusi, esteve em Londres para a reunião máxima da
Commonwealth e abordou o caso das dívidas ilegais, tendo afirmando que mais do que culpabilizar o Estado moçambicano, há necessidade da partilha das responsabilidades.
A
declaração do Chefe de Estado surge na mesma semana em que nos Estados
Unidos da América iniciam as reuniões de primavera do FMI e do Banco
Mundial, que contam com a participação da delegação de Moçambique
encabeçada pelo Ministro da Economia e Finanças, Adriano Maleiane.
Colocado o cenário acima, espanta-me a forma como o Governo de
Moçambique insiste em lidar com o caso das dívidas ilegais escolhendo
‘’actores externos’’ em detrimento dos internos. Ou seja, a discussão ao
mais alto nível sobre a dívida que sufoca o povo moçambicano é tida
fora do espaço nacional diante daqueles que um dia foram chamados de
‘’patrões’’ dos dirigentes.