Uma
das questões que sempre me coloco sobre as movimentações no Governo é
tentar perceber se existe (ou não) algum perfil para se ser Ministro?
Parece uma pergunta simples, mas a resposta se mostra cada vez mais
complicada a obter depois da última mexida no nosso xadrez governativo.
Aliás, afinal o que é um Ministro e qual é a sua função? Para mim esse devia ser o ponto de partida, sobretudo
num país onde o Presidente da República dispõe de poderes ‘’ultra
excessivos’’ para nomear e exonerar quem quer que seja. Se ontem
pensávamos ser primordial pertencer ao órgão máximo do partido no poder
(Comissão Política) para ocupar certos cargos, parece que essa lógica
ficou ''em xeque'' depois do que vimos.
Outro
elemento que me parece crucial no debate é perceber o que significa na
essência ‘’confiança política’’? Digo isto porque recordo do discurso de
15 de Janeiro de 2015, quando o Presidente da República dizia: ‘’(...)
Queremos dirigentes que escutem os outros, mesmo quando a opinião desses
outros, não lhe for favorável. Exigirei do meu governo os valores do
humanismo, humildade, honestidade, integridade, transparência e
tolerância.’’. Se formos a aplicar este trecho discursivo, será que
esses elementos estão presentes no actual Governo? Que tipo de
governantes temos hoje? Não será a confiança política uma forma de
perpetuar a incompetência governativa, acomodação (política) ou mesmo
agradecimento (político)?
Aliás,
penso que enquanto não existir uma explicação mínima que seja para
justificar a movimentação de membros de Governo, a especulação e o
julgamento público continuarão a ser presentes no debate público
nacional. Pedir para que as pessoas não questionem as razões de se
nomear/exonerar algum membro do Governo é contrariar o próprio Chefe de
Estado que defendeu no seu discurso de tomada de posse o seguinte:
‘’(...) Quero que todos os moçambicanos sejam capazes de se fazer ouvir
independentemente de pertencer ou não a um partido. Essa é a ideia
profunda de inclusão que começa na cidadania plena de cada moçambicano e
no respeito pela pluralidade e diversidade de opiniões.’’
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