quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Filipe Nyusi não está a governar!


Quando o Presidente da República completou 100 dias governação, escrevi um artigo com o título “100 (cem) dias de governação sem governação de Nyusi”. No mesmo artigo, fazia alusão a vários elementos que teriam condicionado os primeiros 100 dias de governação do presidente, onde destacava-se:

O Governo tem praticamente sete meses para governar e mostrar serviço Maio - Novembro, Dezembro não há nada em termos de governação):

Os meses de Janeiro à Abril praticamente não tivemos grandes acções governativas, o Presidente da República tomou posse no dia 15 de Janeiro. O executivo foi composto uma semana depois e tivemos uma reformulação ministerial o que vai acarretar o seu tempo e recursos financeiros, pois, é uma remodelação que vai requer uma grande ginástica inter-sectorial. Aliado a isso nota-se que o mês de Dezembro normalmente será reservado ao informe presidencial na casa do povo e outras acções de remendo entre felicitações e baquetes.

O PES e o OGE começam a funcionar a partir de Maio, enquanto instrumentos anuais:

Somente no dia 30 de Abril o Presidente da República promulgou e mandou publicar a lei sobre o Orçamento Geral do Estado e desde a tomada de posse ou a realização das eleições o país está com um défice económico e vinha funcionado com duodécimos.

Não menos importante, pode-se referir que desde meados de 2014 os recursos naturais de que o país se orgulha entraram em declínio com a baixa dos preços e de cotação a nível mundial, agravado com os abandonos de grandes empresas de mineração ou venda de acções

A submissão à Assembleia da República do projecto da Renamo e consequente reprovação:

Como a finalizar, a governação inicial de Filipe Nyusi foi marcado com uma série de encontros com várias personalidades, entre elas destaca-se o encontro com o líder da Renamo. Após este encontro vimos um desdobrar de acções com vista à submissão do projecto de lei sobre as autarquias provinciais que foi reprovado pelo voto maioritário da Frelimo e deixando cada vez mais incerto o futuro do país. Pior do que isso é o estagnar do diálogo no Centro de Conferências Joaquim Chissano que já passou da ronda 100 sem se vislumbrar nenhum avanço a curto prazo.

Situação actual:

Passados agora mais de 100 dias me vejo (de novo) aqui a escrever nos mesmos moldes ou até numa situação pior em relação a avaliação do presente governo. O facto é que o Presidente da República não está a governar este país, passando os dias a gerir problemas e a lamentar-se sobre os mesmos.

Tenho a plena noção que governar é gerir expectativas, é resolver problemas e se estes não existem então não vale a penas estarmos a governar. Mas, o meu ponto de inquietação é que o Presidente Nyusi ainda não começou a implantar o seu ADN do dia 15 de Janeiro dentro da governação, encontrando-se (até agora) a arrumar a casa.

Sabemos que o PR tem qualidades de um gestor, mas, o país não é um empresa. Porém, explicaria a actual situação do país em dois prismas:

Tentáculos fortes continuam a comandar a Frelimo

Quando Nyusi tomou os dois poderes (Presidente da República e Presidente da Frelimo), referiu-se em vários quadrantes que estavam criadas as condições para Filipe Nyusi governa-se em pleno o país. De balde, com esses meses até esta parte provou-se totalmente o contrário, pois, é notória a dissonância de discursos e desencontros de acções entre membros influentes do partido Frelimo e o discurso do Presidente. Em outra linguagem diria que é a própria Frelimo que está a sabotar o Presidente da República.

Legado negro do anterior governo

Estamos sem dúvidas mergulhados numa crise económica, político e militar. Os anteriores governos deixaram um enorme fardo ao Presidente Nyusi. A crise política que se arrasta com a Renamo é um sinal claro de que a governação não vai avante enquanto não se resolver essa questão.

Não passa por sentar e dialogar apenas, passa por dialogar e propor soluções com metas para que este impasse termine. Aliado a isso, a crise económica que e resultante da má gestão e roubalheira do anterior executivo coloca-nos numa situação de um país em gestão de “quinhentas”, onde o investimento escasseia e o crescimento económico e social do país se deteriora.

Está claro que fomos roubados pelos nossos dirigentes do anterior mandato e hoje esse mal recai sobre aqueles que no lugar de governar gerem dívidas e problemas.

Propostas de soluções:
  • Que desfaça a máquina do partido Frelimo que perturba o Presidente da República, com destaque para Damião José, por forma a se livrar do (mau) legado deixado pelo anterior Presidente;
  • Que a camaradagem política não se sobreponha aos interesses da nação quando chamados os verdadeiros culpados pela crise económica que hoje se instalou, contudo, esta é uma tentativa inglória se analisarmos quem como são designados os guardiões da justiça no país;
  • Que seja o diálogo a única forma de consenso para o alcance da PAZ, com o envolvimento de todos aos quadrantes sociais.
É preciso que o PR resgate o seu carisma e popularidade que atiçaram as expectativas dos moçambicanos na leitura do discurso de tomada de posse no dia 15 de Janeiro de 2015.

Encontre AQUI o artigo completo.

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