Antes de tudo, cabe-me definir os dois conceitos expostos no título deste artigo. Por um lado, Mixtape é uma compilação de canções, normalmente com copyright e adquiridas de fontes alternativas, gravadas tradicionalmente em cassete.
As canções podem encontrar-se de forma sequencial ou agrupadas por características comuns como ano de publicação, género e outros aspectos mais subjectivos. Como consequência também tem surgido mixtapes de vídeos. Enquanto isso, Single é uma canção considerada viável comercialmente o suficiente pelo artista e pela companhia para ser lançada individualmente, mas é comum que também apareça num álbum.
Actualmente, com a era digital, é comum o single ser lançado não mais somente como um álbum físico, mas também em diversos outros formatos, ou apenas no formato digital em serviços online de venda de música para download.
Single é também uma expressão popular usada como sinónimo da antiga expressão música de trabalho ou música de divulgação, sendo uma canção gravada pelo artista que é normalmente considerada uma das mais comerciais de um já lançado ou futuro álbum, para ser lançada em rádios e outros veículos de divulgação. A expressão é originada dos Estados Unidos.
No leque de conceitos, é ainda oportuno definir que Álbum é uma colecção de músicas relacionadas, lançadas juntas comercialmente em um formato de áudio para o público. As faixas do álbum normalmente estão relacionadas quanto a tema e estilo musical, mas isso não é uma regra.
Chamo para análise tendo como base essas duas formas de olhar-se para música actualmente no país, pelo facto dos nosso músicos não lançarem nenhum original e só se preocupam com Singles e Mixtapes.
A nova virose de ser e estar por parte dos nossos músicos faz com que seja raro encontrar ou lembrar qual foi o último ano em que um músico moçambicano fez o lançamento de um Álbum público. No mínimo o que podemos encontrar são links de blogues e portais de músicas soltas que os músicos vão lançando como pequenos cogumelos que germinam sem controlo.
Exclui-se na presente abordagem alguns músicos da suposta “velha geração”, bem como de música ligeira, pois, estes demonstram ainda uma preocupação acrescida com a sua imagem e com o lucro da música, pelo contrário dos outros que só se preocupam com o momento e músicas que devem ser consumidas como “fast food”.
Os Singles e Mixtapes minam sobremaneira a nossa cultura visto que em nada engrandecem os nosso artistas, e isto faz com que outros venham ao nosso país lançar e vender álbuns enquanto os nossos desfilam com Singles e Mixtapes em todos shows que participam, e depois andamos aqui aos murmúrios sobre os vizinhos.
Aventando a possibilidade dos músicos se desculparem pela falta de editoras para o lançamento de originais, não se pode continuar a promover e encorajar o lançamento de “músicas soltas” que em última instância depois compilam para um álbum com músicas que já são sobejamente conhecidas pelo público.
A nossa indústria de música está doente, os nossos produtores só querem saber de fazer dinheiro, e em última instância o Ministério de tutela demitiu-se do seu papel no que diz respeito a nossa cultura na vertente da música, embora surjam relatos de que o pelouro prevê remodelações no consumo e comercialização de música estrangeira.
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