Quando o relógio marcava 4 horas
da manhã em Moçambique, aconteceu o que já se previa,a votação a favor da destituição da Presidente Dilma pela Câmara dos Deputados, com os seguintes números:
367 votos a favor, 137 votos contra, 7 abstenções, 2 ausências de um total de
513 deputados.
Que ilações a tirar disto?
1. Crise de representatividade -
poder do voto
Embora a Dilma não esteja ainda
destituída (falta a decisão final do Senado), o actual cenário prova-nos que a
representatividade por meio do voto está em crise nas actuais democracias. Ganhar
pelo voto nada representa, pior num cenário em que a margem mínima da vitória
foi de 51% contra 49%.
2. Fim das políticas sociais?
Foram 13 anos de Governação do
Partido dos Trabalhadores (PT) com a instituição de muitas políticas sociais -
direccionadas para os pobres que agora não se sabe qual será o seu destino. A
actual elite é vista com sendo contra ao desenvolvimento e a favor dos pequenos
ricos no Brasil.
3. Crise na CPLP
Temos muito a aprender como país
se partimos do pressuposto que o Brasil é um dos membros mais influentes de uma
comunidade onde Moçambique é parte. Ou seja, a saída da Dilma neste momento nos
coloca a pensar como é que este órgão que já se encontra no marasmo poderá
encarrar o actual cenário. Sem contar que o mesmo Brasil é membro do BRICS, um
bloco composto por países que influenciam na forma de estar economicamente de
Moçambique.
4. Corrupção
Embora a Dilma não esteja
implicada directamente no processo "Lava Jato", as suas ligações com
membros do PT tidos como corruptos enfraquece sobremaneira a sua imagem, sem
contar com o erro estratégico que tinha cometido de nomear o seu
"padrinho" Lula da Silva para ministro. Porém, alguns dos apoiantes
da destituição da Dilma estão implicados com casos de corrupção.
5. Legitimidade de Michel Temer
Embora alguns falem em
"Golpe Democrático", devemos olhar para isto como o exercício da
democracia e cumprimento de um preceito jurídico. Porém, isto coloca outro
dilema para quem se segue na Presidência. Michel Temer pode sofrer de igual
forma da crise de legitimidade e aceitação pública, visto que chega ao poder
sem ter participado de um escrutínio popular.
6. Mediatização
Foi incrível como acompanhamos o
processo através da televisão e Internet. O Brasil provou ao mundo a sua
capacidade midiática de "entreter" as pessoas, sem contar que vários
órgãos de comunicação também trabalharam de forma conspiratória contra e outros
a favor do impeachment.
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