segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Cenário de guerra e a estratégia de “Good Cop-Bad Cop” em Moçambique

Todos os dias precisamos negociar alguma coisa, seja o horário de uma reunião, a duração de um projecto, um financiamento  ou os valores de um contrato. Uma boa negociação é como um jogo de xadrez, tem que ter estratégia.

Em política as coisas não podem ser diferentes e Moçambique anda no caminho das negociações desde o tempo do colonialismo, pois, são vários os acordos alcançados, uns com êxito e outros nem por isso.
As últimas tentativas de negociação jazem em um lugar sobejamente conhecido, o Centro de Conferências Joaquim Chissano. Contudo, o que temos visto no nosso xadrez político é endurecimento dos discursos que tendem a confundir a opinião pública por não se perceber de que lado os políticos estão a jogar, ou seja, todos falam da Paz, mas, ninguém pratica a Paz.

Estamos num momento delicado em que qualquer comentário induz a uma percepção diferente sobre o mesmo problema, isto para referir que desde o primeiro (suposto) ataque sofrido pela Renamo não faltaram discursos e teorias para justificar o que aconteceu em Manica.

Seja o Governo ou Renamo, ambos puxam para o seu lado, justificam a sua maneira, acusam-se mutuamente e querem sair-se bem na fotografia. Mas, tal como no primeiro ataque acontecido em Manica, voltamos ao campo das contradições e desinformação no último episódio, o que difere é que agora temos danos humanos.

Ora vejamos, os dois lados andam aqui em lamúrias e ninguém diz coisa com coisa e o mais surpreendente nisto tudo é que ninguém assume a autoria do ataque, mas, ambos conseguem vir em público dizer quantos homens morreram de cada um dos lados, sem contar que sempre devem morrer mais pessoas para o lado oposto. Tanto a Renamo assim como o Governo estão aqui a nos manipular, eu não acredito em suas versoes, contudo, enquanto continuam nesse jogo, moçambicanos inocentes estão a morrer.

Dito isto, fica claro estamos a usar a estratégia do mocinho e bandido (good cop, bad cop) – enquanto um negociador adopta uma postura mais agressiva, outro ameniza, confundindo o interlocutor. Estratégia psicológica de intimidação que aparece em praticamente todos os filmes de polícia-e-ladrão do cinema Hollywood.

Ela consiste em ameaças pesadas por parte de um polícia, que faz o papel de malvado. Aí aparece um outro polícia mais ponderado que procura acalmar o outro polícia, virando amiguinho de todos. O bandido interrogado sempre confessa tudo que sabe ao segundo polícia (o good cop), com medo do primeiro polícia (o bad cop).

Ou por outra, por um lado temos o Governo e a Renamo a promoverem discursos de Paz aos quatro ventos, mas, outrossim, são os mesmos por intermédio dos seus porta-vozes que em contrapartida chamam-se nomes e confrontam-se em palavras e ataques “sem rosto”.

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