quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

A paridade que pariu a “guerra”


Moçambique vive nos últimos tempos um cenário inimaginável para um país que tem uma história interna, regional e internacional de bom guardião e amante da Paz.
O nosso país tem estado a perder dia após dia esse ganho alcançado no dia 4 de Outubro de 1992 facto este que tem estado a retrair o investimento para o desenvolvimento de negócios no país e a agudizar ainda mais os níveis de pobreza.

O cenário da instabilidade conta a sua história desde que o líder da Renamo mudou-se da Cidade de Nampula para a sua base militar em Muxúnguè em Outubro de 2012, acção esta que foi vista como um reorganizar das bases para novas frentes. No momento não podia se vislumbrar repercussões nefastas a partir daquele ponto da região Centro do país.
Num processo que avançou-se para ameaças de divisão do país a partir do Rio Save, o tempo passou, e na sequencia a Renamo solicitara um encontro para dialogar com o Governo.


Fruto desse diálogo, volvidos mais de duas dezenas de encontros realizados durante o ano de 2013, com vista a desbloquear alguns pontos que segundo a agenda se circunscrevem a despartidarização do Estado, as questões militares e a Lei Eleitoral, até hoje nem água vai e nem água vem.
Aliado a este cenário, existe um elemento chamado “paridade” que é o centro dos desentendimentos entre partes beligerantes, o Governo e a Renamo. Paridade esta que é entendida como o igualar das circunstâncias de concorrência dentro do esquadrão eleitoral, caso concreto na composição numérica da CNE que é o órgão de gestão do processo eleitoral.

Paridade esta que é desconhecida por um grosso número da população moçambicana, mas que continua a ser ela a grande causadora das matanças que ceifam vidas de filhos de Moçambicanos e não do Governo, nem da Renamo. A paridade fez emergir este ano uma nova zona de conflitos militares, a zona Sul, concretamente a província de Inhambane, no distrito Homoíne. Nesta zona, assim como em Gorongosa, as populações vivem como refugiados em protecção as suas próprias vidas e vai se alastrando o pânico em mais zonas do país.
Este é um cenário que nenhum Moçambicano, seja aquele que viveu ou não a guerra gostava de reviver, mas infelizmente a paridade nos faz viver momentos de grande consternação. Não se pode afirmar que o país está em paz efectiva, enquanto já não podemos viajar livremente nas nossas estradas, não basta se dizer amante da paz, enquanto trai essa paz.
É intolerante ver duas delegações incapazes de conseguir mínimos consensos em questões sensíveis a vida dos Moçambicanos. O povo não pode se reger pelo prazer de dois dirigentes incapazes de se encontrar onde quer que seja para dialogar e devolver a paz aos Moçambicanos e mais do que isso, não é concebível que um partido político mostre pelo barulho das armas que ele existe.

O diálogo é e sempre será a única forma de resolver qualquer conflito. Quero acreditar que com ou sem paridade se possa amadurecer a paz porque esta já foi parida em 1992 em Roma, e agora não importa se é em Maputo ou não.

Mais não disse!

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