sexta-feira, 26 de julho de 2013

A geração “3 cem”

Gostava antes de esclarecer que não quero com este artigo diabolizar quem consome álcool, muitos menos fazer uma campanha de sensibilização para que se pare com o consumo de álcool, aliás esse é um pedido longe de colher consensos.
O título supracitado acredito que os leitores já devem ter visto escrito em alguns estabelecimentos comerciais com alguma regularidade. Estou a falar da recente promoção de cerveja nacional e não só, que tem sido vendida na capital do país a preço quase de convidar todas as classes sociais a enveredar pelo mundo dos “bêbados”. Este preço vem de certa forma consubstanciar os vários comentários que tem sido feitos em relação aos jovens que recebem nomes como: bêbados, distraídos, desocupados, despreocupados, apáticos com as questões que preocupam a nação moçambicana.
Mas o que dizer de uma sociedade que quer embebedar cada vez a classe juvenil com esta retumbante promoção que até em alguns lugares mudou de nomenclatura de “3 cem” para ”4 cem ou 5 cem”.
       A empresa responsável pela produção e distribuição da cerveja tem a sua responsabilidade nisso, uma vez que todo esse cenário é do conhecimento da mesma e obviamente que virá anunciar grandes lucros fruto dessa promoção. Em economia quando se aborda a questão de tributação, a bebida inclui-se num grupo em que em casos de se pretender o aumento de algum imposto para galvanizar a economia de um país opta-se pelo aumento do seu preço sendo este um produto de consumo das minorias e por vezes de luxo, mas em Moçambique a coisa é diferente, podendo estar mais barato comprar uma cerveja do que um quilograma de arroz.
Sucedem constantemente apelos das autoridades policias e da sociedade em geral sobre o consumo de álcool por parte dos jovens que está muitas vezes associada ao consumo exagerado do álcool que causa sangue e luto nas estradas e sem dúvidas que com esta promoção pode-se estar a fomentar mais desgraça no seio de muitas famílias.
Alguns questionamentos podem ser levantados sobre esta promoção sem utilidade, mas respostas convincentes não poderão ser encontradas, a mesma pode significar uma forma acertada num período de inverno que o país atravessa tendo em conta que a cerveja não está a ter o consumo habitual comparando com o verão; outra hipótese que pode ser levantada relaciona-se com a tentativa de manipulação e distração dos jovens por meio da bebida e a última hipótese não menos importante pode estar relacionada com o facto da empresa responsável por esta acção ter tido uma superprodução e pretender por via disso esvaziar o seu “stock”.
       Estes pontos que aqui levanto podem ou não ter o devido enquadramento, mas não deixa de ser preocupante estar numa sociedade em que a bebida é banalizada e consumida dessa forma.
Quero em última análise apelar às autoridades competentes para que se fiscalize essa acção e quiçá parar com essas promoções que estão a maltratar ainda mais os jovens que a nação precisa para dar andamento ao futuro desse país.
PS: “Quando a esmola é demais, o santo desconfia...”
Mais não disse!

Sem comentários:

Enviar um comentário