Sob o lema ''Espaços seguros para a Juventude'', vários países e organizações celebraram no presente ano (2018) o Dia Internacional da Juventude.
Desde
2012 tenho me interessado por questões sobre a juventude, com
particular aprofundamento nos últimos dois anos através de um prisma
académico sobre assunto. Mais do que ter certezas, encontro-me numa
controvérsia, pois continua difícil para mim discutir sobre o que
chamamos de ''juventude''.
Alguns países e organizações internacionais vão caracterizar
a juventude em termos de idade biológica, variando entre 15 aos 35 anos
(Carta Africana da Juventude) - 15 aos 24 anos (Nações Unidas) - ou
ainda 15 aos 35 anos (Política Nacional da Juventude).
Outras
visões vão refutar tal posição, afirmando que o debate sobre o termo
juventude deve ser entendido apenas como um processo transitório que
passa entre o que chamam de adolescência para uma fase adulta, afirma Galland (2009).
Honwana
(2012) vai nos propor um conceito de juventude que supera as barreiras
de idade para abraçar um conjunto de elementos antropológicos e sociais
mais abrangentes. Para ela, a juventude vai deixar de se definir pela
idade para abarcar "todos aqueles que não atingiram ainda as
expectativas e obrigações sociais esperáveis de um adulto,
independentemente da sua idade''. Tipifica essa fase da juventude
excluída do mercado de emprego como waithood (termo dificilmente
traduzível para português) - por oposição a childhood e adultohood".
Na
mesma lógica de Honwana (2012), Muxel (2013) vai sustentar que deixamos de
ser jovens quando obtemos condições de vida que nos possibilitam ter
autonomia e liberdade de escolha sobre o rumo que queremos tomar,
fundamentalmente quando conseguimos obter maturidade política do voto.
Para
combinar a dimensão biológica e social do termo, Abbnik (2005) vai
afirmar que são jovens todos aqueles que até a faixa dos 30 anos de
idade ainda procuram terminar os seus estudos, não tem um emprego
estável e ainda não constituíram uma família.
Num
prisma virado ao continente Africano, Mbembe (1985) vai sublinhar que
os jovens são de forma constante confrontados com estruturas sociais e
políticas que os classificam como indivíduos de conduta desviante e
duvidosa, razão pela qual a sua emancipação é adiada com discursos
triunfalistas e políticos como ''jovens, o futuro do amanhã...o garante
da nação''.
Não havendo uma única resposta, a questão se vai manter: o que significa ser jovem?
REFERÊNCIAS:
- Abbink, J. (2004), Being young in Africa: The politics of despair and renewal, Leiden: Brill, 2004.
- Galland, O. (2009), Les jeunes, La Découverte, Paris.
- Honwana, A. (2013), The Time of Youth: Work, social change and politics in Africa, Oxford: Kumarian Press.
- Mbembe, A. (1985), Les jeunes et l'ordre politique en Afrique noire, L'Harmattan, Paris.
- Muxel, A. (1996), Les jeunes et la politique, Hachette Livre, Paris.
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