quinta-feira, 1 de maio de 2014

Que política é esta de servir para se servir?





O que suscita a publicação deste artigo é o perfil dos políticos que tem-se vindo a desenhar no cenário político moçambicano aliado a forma de fazer política tendo como fim último o benefício meramente individual.
Max Weber fez a distinção de dois perfis de políticos, os que vivem da política e outros que vivem para política. O político que vive da política não possui recursos materiais para a sua subsistência para além dos recursos providos da própria actividade política.

Sua actuação pública se confunde com uma luta não apenas por ideais comuns ou interesses de classes, mas também pela conquista de meios de conseguir renda, o que de alguma forma prejudica a capacidade de distanciamento para a análise racional dos problemas de seu quotidiano enquanto profissional da política, e por sua vez o político que vive para a política representaria o tipo ideal no âmbito de atributos do político vocacionado, pois sua independência diante da remuneração própria da actividade política significa, também, uma independência de seus objectivos no decorrer da vida pública.

Sua conduta pode estar voltada para a busca de prestígio, honra, ideais, ou até mesmo do “poder pelo poder”, mas não tomaria como prioridade a busca por recompensas financeiras em decorrência da profissão política, pois já disporia de recursos materiais suficientes.
Estes perfis encontram-se estreitamente ligados a questão da vocação que deve ser um elemento primordial para o exercício desta actividade, mas é com alguma insatisfação que alguns políticos moçambicanos usam a política como o “trampolim” social e económico e como forma de manter o seu “status quo” numa sociedade onde se precisam políticos capazes de olhar para as massas do que para si próprios e esquecendo-se que é a custa das massas que os mesmos “vivem da política e não para política”.
Aliado a este aspecto surge também à questão do poder e da ética que tal com Max Weber afirma: “...A função avassaladora do Poder, e a procura incontrolada pelo prazer em ter, é tido como compulsão em fazer aquilo que fere a conduta moral e a própria condição ética”,  o poder é fundamental para a conquista de um patamar, mas, a ética que é o princípio fundamental para o exercício de qualquer acção em prol da sociedade.
Recentemente aconteceram no país dois momentos marcantes, um passou pela alteração dos artigos 24 e 25 do Estatuto e Previdência do Deputado, bem como aumento de regalias para Ex-presidentes da Assembleia da República, e outro foi no dia 29 de Abril que culminou com a aprovação e divulgação do novo reajuste salariar onde o sector das pescas é o que menos beneficiou desses  rejaustes. Refira-se que os representantes do “povo” ganham, no mínimo, 68.273,50 meticais. Isto é, um pouco mais do que 27 vezes o valor pecuniário que é pago ao cidadão que menos ganha no país.
Estes cenários acima referidos acima são um tremendo contraste de o que é viver numa sociedade que se projecta uma justiça social. Num país em que o salário mínimo para a função pública é de 3.240 Meticais não cabe em muitos por que cargas de água os ex-deputados necessitam de tantas regalias mesmo depois deste se desvincularem da sua função de legislador.
Não existe em nenhuma parte do mundo onde se vai dizer categoricamente que o salário é justo para suprir as necessidades quotidianas, mas é inaceitável que aqueles que deviam velar por nós como “povo” andam em conluio e pensam somente nos seus umbigos para a obtenção de aposentadorias de luxo.Não passa necessariamente por fazer uma comparação entre os “servidores” do povo e o resto da sociedade, aliás, os deputados merecem a melhor consideração seja aqui ou fora do país, mas essa demonstração desmedida de ambição pelo luxo fere com o orgulho de qualquer moçambicano que dia após dia luta não para viver, mas sim para sobreviver.
Sem dúvidas que os nossos servidores estão a viver da política o que é claramente um jogo de interesses, onde diversos actores aliados a uma máquina política fazem das suas para “dar nas vistas” e dessa forma ver a sua hegemonia mais ressalvada e desta forma, e claramente este cenário trás a tona o problema da representatividade vs democracia. É óbvio que ninguém vive apenas para a política, os nossos só se servem, ou seja, vivem da política e não para a política.

1 comentário:

  1. a historia das regalias do PR e dos deputados é engracada. chego a pensar que seja um jogo politico. ora vejamos: Primeiro aprovam as regalias para a reforma do PR e de seguida o estatuto do Depuatado, coisa interessante, primeiro tinham que fazer passar a do PR e de seguida deles proprios. hum... chego a pensar o seguinte: que a Frelimo está com medo de levar um xequemate nas proximas eleicoes e caso isso aconteca, o próximo que ascender ao poder, encontrará os cofres bem vazios e a cupula actual bem feito na vida. kikikik

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