O que quero aqui levantar me preocupa como cidadão, falo da Lei sobre
as Transacções Electrónicas (LTE) que foi discutida e aprovada no
passado mês de Novembro (17) pela nossa Assembleia da República. A mesma
passou com voto favorável das três bancadas - Frelimo, Renamo e MDM,
algo no mínimo espantoso na nossa magna casa nos tempos recentes.
Mas
não é dos consensos dos partidos políticos que me interessa aqui falar,
mas sim de saber a real abrangência e intenção que está em volta desta
lei. A mesma não é de hoje, surge de alguns anos, já tive a oportunidade
de discutir a sua proposta, mas nunca
percebi o seu alcance.
Pelo que pude ler nesses últimos dias, a
LTE visa de forma resumida: estabelecer um regime sancionatório das
infracções cibernéticas de modo a garantir a protecção do consumidor e
aumentar a confiança dos cidadãos em utilizar as transacções
electrónicas como meios de comunicação e prestação de serviços; obrigar
aos funcionários e agentes do Estado a usar o domínio «mz», que se
enquadra na implementação do Governo Electrónico, ora em construção no
país, até aqui tudo bem. Mas o que me espanta é saber que a mesma
lei visa ainda criminalizar a circulação de mensagens de texto (SMS) e
serviço de dados (Internet e e-mail) que sejam consideradas insultuosas
ou que ponham em causa a segurança do Estado.
Como cidadão e
usuário das redes sociais estou deveras preocupado com esta lei. Estou
preocupado porque não consigo ver a real intenção que está em torno
deste dispositivo. É verdade que em todo o mundo existem leis que actuam
sobre a Internet para proteger os cidadãos de vários males – burlas ou
enganos, até para proteger o Estado de ataques cibernéticos, mas não me
parece ser aqui o caso. Por exemplo, o que se entende por segurança do
Estado? Quem salvaguarda a esfera privada dos cidadãos?
Nos moldes
em que a nossa lei foi orquestrada continuo reticente sobre o que
realmente se pretende com ela. Para mim esta lei pode ser um verdadeiro
retrocesso e duro golpe contra a liberdade de expressão e do pensar
diferente que se pretende construir em Moçambique.
Ademais, me
preocupa a ambiguidade com que são elaborados alguns instrumentos legais
em Moçambique. Só para dar um exemplo, quando escrevia esta publicação
procurei pela página do Ministério da Ciência e Tecnologia, Ensino
Superior e Técnico Profissional para ver se alguma coisa relacionado com
a LTE encontrava, mas debalde – não encontrei absolutamente nada. Na
Internet, o que existe sobre esta lei é um artigo do Jornal @Verdade, Jornal A Bola (pt) e uma publicação na página do partido Frelimo aqui no Facebook.
Outrossim,
me preocupa a forma como alguns órgãos – nomeadamente o Instituto
Nacional de Comunicação de Moçambique (INCM) e Conselho Superior de
Comunicação Social (CSCS) actuam sobre este assunto, aliás, não vi
nenhuma comunicação deles, o que quer dizer que devem estar conformados.
Hoje em dia a Internet é um verdadeiro poder, o país que menor conectado estiver perde sem dúvidas a rota do desenvolvimento e nós como país estamos empenhados em criar leis para tentar impedir ou atrasar o acesso a essa já exígua Internet. Aliás, é no mesmo país que em meses atrás se instalou um sistema de vídeo-vigilância que não se sabe com que fim.
Hoje em dia a Internet é um verdadeiro poder, o país que menor conectado estiver perde sem dúvidas a rota do desenvolvimento e nós como país estamos empenhados em criar leis para tentar impedir ou atrasar o acesso a essa já exígua Internet. Aliás, é no mesmo país que em meses atrás se instalou um sistema de vídeo-vigilância que não se sabe com que fim.
Deixo aqui um link para lerem um artigo que escrevi ontem (30.11) sobre esta lei, vejam o que alguns cidadãos do país acham sobre a mesma.
Por uma Internet livre, segura e sem censura para todos!
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