O maior vencedor destas eleições é sem dúvidas Donald Trump, um homem
sem experiência de um cargo político, que nunca serviu no exército, sem
fama discursiva, imprevisível, indisciplinado e sem nenhum tentáculo
com o poder estabelecido e acomodado, porém, empresário e elitista.
O maior derrotado destas eleições são todos os órgãos de media que
desde a primeira hora combateram Donald Trump através de sondagens que
davam como certo a eleição de Hillary Clinton, mas que foram ”obrigados”
a mudar os seus editoriais e as capas na madrugada do dia 9 de
Novembro.
Perdeu Hillary Clinton, uma candidata apoiada por quase todo o establishment,
pelo presidente Barack Obama, pela máquina partidária com mais dinheiro
desta campanha, pelo poder financeiro, pelo poder mediático, pelo poder
universitário, pelo poder de Hollywood. A história da primeira mulher
presidente nunca foi de todo consensual, porque Clinton era sobretudo a
herdeira do sistema, com falhas que marcaram o exercício dos seus cargos
como na política americana, entre casos de corrupção, e-mails mal
geridos, escândalos sexuais do seu marido e forma pouca transparente como foi eleita candidata do partido Democrata em detrimento de Bernie Sanders.
Perdeu Barack Obama, que depois de prometer unidade e consenso, optou
por uma presidência divisiva e autoritária, abusando das “ordens
executivas” para impor a sua vontade, o que agora coloca a maior parte
do seu património governativo à mercê de reversões simples. Agora, terá
de entregar as chaves da Casa Branca a um homem que sempre fez questão
de desprezar.
Perdeu a estratégia dos democratas de manipular as minorias étnicas,
sobretudo os latinos, para fazer com elas um bloco eleitoral definido
pelas identidades, e não pelas opções e valores. Trump foi eleito com o
voto dos homens (53% contra 41% que votaram Clinton), o voto dos mais
velhos (53% dos eleitores com mais de 45 anos votaram nele), o voto dos
brancos (58%), o voto dos que não concluíram um curso universitário (51%
a 52% entre os que apenas têm a educação básica e secundária ou apenas
frequentaram um curso superior), o voto dos que ganham mais de 50 mil
dólares por ano (49%), o voto dos independentes (48% contra 42% para
Hillary), o voto dos eleitores casados (53%).
Trump representa uma forma de fazer política pouco usual no seio do establishement, ele representa a maior ruptura sobre os dogmas de que a experiência em cargos políticos é uma condição sine qua non para se eleger Presidente nos EUA ou em qualquer parte do mundo.
Esta eleição nos revela que a política já é não é a mesma que de
forma ocidental foi concebida par guiar as Democracias, surge uma nova
vaga que combina o populismo, a frontalidade discursiva e a demagogia
para cativar o eleitorado.
Como será o governo de Donald Trump? Ninguém sabe, porque ninguém o
esperava. Como se irá dar com uma maioria republicana no Congresso que
não acreditou demasiado nele? Vai mesmo construir o muro com o México,
banir a imigração muçulmana, rasgar os tratados de comércio e o acordo
com o Irão, abraçar Putin e menosprezar a NATO? Quererá mesmo continuar a
ser na presidência o braço e a voz de uma suposta insurreição popular
contra o “sistema”? Tentará inspirar os movimentos populistas e
nacionalistas da Europa? Vai cortar os apoios para o continente
Africano? Tudo isso serviu para criar à volta dele uma aura de
apocalipse, de fim do mundo, mas que só será decepado no dia 20 de
Janeiro de 2017 com a sua investidura.
Sem comentários:
Enviar um comentário