O assunto que trago neste artigo vai de certeza merecer diferentes
interpretações, mas o mesmo não deixa de ser relevante. Temos assistido nos
últimos anos uma grande tendência de realização de concertos de grande gabarito
no nosso país no geral, e na capital, Cidade de Maputo em particular.
O normal seria se esses
concertos fossem realmente para alegrar o cidadão comum e que os mesmos
combinassem com o seu bolso. A análise aqui feita incide em algum momento nos
concertos que tem estado a ser realizados na capital do país neste mês de
Setembro. Os mesmos estão furos acima dos bolsos dos moçambicanos, chegando a
custar mais que um salário mínimo, caso concreto o show do Djavan no qual um
bilhete custara 4000 Meticais, casos semelhantes podem se referir ao show do
Earl Klugh em que o valor inicial de ingresso custara nada mais e nada menos
que 2000 Meticais e para não falar do Show do grupo U40 em que um dos preços
chegara até 1.500 Meticais. São apenas exemplos que trago, mas já existiram e
poderão existir tantos outros shows semelhantes.
Um aspecto em comum nestes shows é que os artistas são de gabarito
internacional, o que não deixa de ser relevante para a definição do preço bem
como o tipo de música por eles cantada. Esses são aspectos a ter em conta, mas
há outros elementos que devem entrar nesta análise, facto de que os mesmos são
feitos numa sociedade em que os cidadãos se debatem com dificuldades
financeiras muito sérias, os mesmos vivem com uma renda diária muito baixa, e
vêm-se numa situação de ofensa quando se realizam concertos com este tipo de
preço. No final do dia esses artistas carregam avultadas somas de dinheiro e os
artistas nacionais permanecem na “rocha”. Quem organiza esse tipo de concertos
pensa mais no lucro do que noutra coisa, o que não é mau, mas não pode nos
colocar numa situação em
que passa a ser um "luxo" assistir um show em
Maputo.
A indústria da música é certamente muito
complexa, e esta análise não vai abranger todos os pontos da mesma, mas a
questão do preço é um dos elementos mais relevantes quando estamos a falar de
música, há quem diga que a voz e o talento de um artista não têm preço, mas
digo também que o bolso dos moçambicanos têm preço e não merece estes preços.
Alguns podem referir que se não gosta não assista, mas eu digo, muitos de nós gostamos, mas não temos esse dinheiro, caso
para dizer que nada têm a ver com a música em si, mas sim com o preço aplicado e no final do dia isto faz com que continuemos a deliciarmo-nos dos CD’s,
downloads grátis e DVD’s porque esses preços são um absurdo.
Para terminar, mesmo sabendo que o fim último é o lucro gostava de
lançar o meu apelo aos promotores destes concertos para que os façam tendo em
conta que estão a fazê-los numa sociedade que passa por questões de sobrevivência
difíceis, bem como as autoridades, caso concreto ao Ministério da Cultura, para
a regulação de alguns preços.
A música é vida, é liberdade e não merece apenas a algumas elites.
Mas não disse!
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