Muitos comentários podem ser feitos em torno desse diálogo que já vai
na sua décima segunda ronda, tem surgido novidades a cada ronda umas de
relevância e outras nem por isso. Não pretendo neste artigo discutir as
agendas do diálogo que assistimos a cada segunda-feira, mas sim trazer
alguns pontos que tem merecido a minha análise e por vezes me tem criado
algumas duvidas e incertezas desde que estas rondas começaram.
O primeiro aspecto tem a ver com as diferentes designações que tem se
atribuído a estas rondas, onde alguns analistas e até órgãos de
comunicação social ousam em chamar de diálogo político entre o Governo e
a RENAMO e outros as chamam de negociações entre o Governo e a RENAMO.
Eu percebo em relação a este ponto que se estamos numa ronda a dialogar
ou a negociar o fim desejável é o alcance de pontos de equilíbrio, e
está claro que o fim último dessas rondas é o alcance de consensos entre
as delegações.
O segundo ponto que gostava aqui de partilhar é a estratégia de
comunicação que estas duas delegações adoptam no fim de cada ronda,
tenho notado que o que cada uma tem feito é procura de um protagonismo a
nível da mídia, pois cada uma das delegações aparece em público a
defender os seus pontos e por vezes a acusar-se entre elas de não estar a
facilitar o processo, e isto não minha opinião coloca o processo num
retrocesso pois vemos um diálogo a ser feito na base da comunicação
social e o povo por via disso faz os seus julgamentos por vezes
populistas que beneficiam um em detrimento do outro.
O último
ponto que gostava de aqui trazer é relativo às actas desse diálogo, umas
já assinadas e outras pendentes. Foi com algum agrado que acompanhei os
avanços que se alcançaram na décima primeira ronda e a assinatura de
algumas actas que permaneciam divergentes já na décima segunda ronda
mesmo sem avanços notórios se não as actas. O facto é que o diálogo está
a girar somente em torno das actas, ou seja, um diálogo que de avanço
tem a assinatura de actas não podemos estar seguros dos seus breves
resultados.
São pontos que levanto que penso que mereciam uma
análise, mas é meu entender que só poderemos ter consensos neste
processo se existir cedência quer seja da parte do Governo ou da RENAMO
para que realmente se chegue ao verdadeiro acordo, uma vez que estamos
em ano eleitoral e um dos grandes pontos de impasse é a propalada lei
eleitoral com a já famosa paridade no meio.
Mais não disse!
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