Ainda
está bem viva na memória dos moçambicanos o dia 5 de Setembro de 2014,
uma data em que o antigo Presidente da República, Armando Guebuza, e o
Presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, assinavam na Cidade de Maputo um
‘’acordo de paz’’ para colocar fim às hostilidades militares.
Naquele
ano, realizavam-se eleições e era imperioso que a Renamo fosse às
eleições, depois de ter falhado tal propósito no ano anterior (2013),
durante as eleições autárquicas que contaram com a Frelimo e o MDM a
correr em todos os municípios do país. Ao mesmo tempo, Armando Guebuza
terminava o seu mandato presidencial e queria deixar um legado positivo.
Nesta
altura, decorre o processo de diálogo ao mais alto nível entre o
Presidente da República e o Presidente da Renamo sobre a paz em
Moçambique. Em paralelo, a Comissão Nacional de Eleições desdobra-se em
jornadas preparatórias para as eleições autárquicas de 2018.
Na
comunicação social moçambicana, vezes sem conta temos visto entrevistas
e declarações de ambos os dirigentes máximos a prometerem que o
processo de diálogo está a desenrolar-se com vista ao alcance de um
‘’acordo de paz’’ antes do final do presente ano, ou seja, até Dezembro.
O
que mais preocupa sobre o processo de construção da paz em Moçambique
não são os actores que estão a construí-la, mas acima de tudo os métodos
que estão a ser utilizados para o alcance desta mesma Paz, que se quer
duradoura e definitiva.
Por
um lado, é preciso que o Presidente da Renamo volte à vida política
activa, por forma a revitalizar o seu partido para os próximos dois
grandes momentos eleitorais. Por outro, Filipe Nyusi precisa chegar a um
acordo definitivo com Afonso Dhlakama, para que possa garantir uma
‘’lufada de ar de fresco’’ ao seu partido nas eleições autárquicas de
2018 e que possa concorrer a sua própria sucessão sem nenhuma ‘’bagagem
da guerra’’ em 2019.
Dito
desta forma, torna-se claro que tanto Filipe Nyusi, assim como Afonso
Dhlakama, estão numa verdadeira maratona de (re)capitalização das suas
imagens políticas por forma a trazer ganhos para os seus partidos e para
si mesmos, antes dos dois grandes momentos eleitorais que o país vai
conhecer em breve.
Entramos
assim para o mês das grandes decisões do partido Frelimo, com a
realização do seu XI Congresso, o que deixa antever alguma aceleração no
processo de Paz para que o Presidente do partido, Filipe Nyusi,
fortaleça por definitivo a sua imagem e confiança rumo às eleições de
2019.
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