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Este artigo surge
a propósito dos últimos acontecimentos que tem assolado o país nos últimos dias
e em particular num mês que nunca foi de alguns episódios que caracterizaram o
mês.
O mês de Outubro
é conhecido como o mês da Paz, pelo facto de a 4 de Outubro de 1992 ter-se
assinado o Acordo Geral de Paz entre o Governo e a RENAMO, pelo dia 12 que é o
dia dos Professores e ainda no mesmo mês, lembra-se a morte do Presidente
Samora Machel, falecido a 19 de Outubro.
Porém, alguns
factos assombraram este ano o mês de Outubro, a começar pelo agudizar da tensão
político-militar em Gorongosa, quando no dia 21 de Outubro registou-se o
assalto à base da RENAMO em Santudgira pelas Forças Armadas de Defesa de
Moçambique que desalojaram por completo o líder da RENAMO e os seus acólitos. Este
acto só foi o transbordar do copo de uma tensão que já vinha há algum tempo
desde a retirada do líder da RENAMO de Maputo para Nampula e consequente
retirada para Serra da Gorongosa onde ficou aquartelado mais de um ano até ao
seu desaparecimento, e adiante verificaram-se alguns ataques contra civis e uma
onda de sabotagem que poderá culminar em pilhagem de bens alheios se a situação
não for rapidamente resolvida.
Esta tensão política
resulta da incapacidade de obtenção de consensos através do diálogo entre os
nossos políticos, tendo em conta que já decorreram rondas de diálogo que ainda
não trouxeram resultados tangíveis. O diálogo deve ser a única forma de
obtenção de pontos de equilíbrio para uma saída eficaz do impasse, e o diálogo
não deve ter vencedores e vencidos, porque a mesma é para o benefício de todos
e não de alguns.
Mais do que a tensão
político-militar, o mês de Outubro caracteriza-se pela onda dos raptos que
também não é uma situação nova, mas este mês foi a sua elevação em termos de
quantidade dos casos ocorridos, bem como a mudança dos alvos. Os raptos que já
vem de algum tempo para cá, resultam da fraca resposta por parte das
autoridades que devem zelar pela nossa segurança e também do pensamento que
ficou subjacente a ideia de que os raptos eram destinados a alguns como se
esses não fossem cidadãos nacionais iguais a qualquer um. Tornou-se inseguro circular
na cidade capital, pior ainda quando estes raptos acontecem em plena luz do dia.
E o mais preocupante é que até hoje não há condenados pelos actos.
Estes dois
aspectos que aqui levanto, vão marcar pela negativa este ano, e em particular o
mês de Outubro.
É chegada a hora
de se pôr um basta nestes casos, não se pode justificar que um país com 21 anos
de Paz viva esta instabilidade, quando o mesmo é conhecido como um exemplo de
estabilidade política a nível do continente e não só. Ninguém quer viver com medo
no seu próprio país, e nem ser escoltado para circular nas suas estradas. Mais
do que isso, ninguém quer sair de casa e não saber se regressa ao final do dia.
Mais não disse!
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