
Geralmente,
resiliência é um conceito emprestado da física que significa ‘’(...) a
capacidade do indivíduo em lidar com situações adversas, superar
pressões, obstáculos e problemas, e reagir positivamente a eles sem
entrar em conflito psicológico ou emocional.’’
Dizem
as minhas leituras que o principal objectivo da resiliência não é
restaurar o passado, mas propiciar condições de dar um salto para
frente. É a habilidade de manter o seu propósito enquanto você se adapta
a novos métodos e procedimentos.
Colocado
isto, é preciso perceber nas entrelinhas que o Presidente da República
admitiu (de forma indirecta) que conhece o sofrimento de miséria e
pobreza aguda provocada pela sua governação e que assola milhares de
moçambicanos, razão pela qual chamou-lhes ‘’resilientes’’, algo como:
‘’(...) vocês já levaram tanta porrada, mas continuam em pé e firmes.’’
Sempre
que se fazem esses discursos sobre o Estado da Nação torna-se o mesmo
de sempre, devido ao modelo e métodos monótonos utilizados para o
efeito. A inexistência de debate e interpelação sobre o que é dito pelo
Chefe de Estado esvazia o sentido e a essência do discurso.
Ademais,
é notório a premente preocupação que se criou de uns anos para esta
parte ligada ao facto de se procurar nos adjectivos a essência do que se
diz (ou não disse). Ou seja, tornou- se viral o destaque de termos como
‘’BOM’’ ou ‘’MAU’’ – hoje substituídos por ‘’RESILIÊNCIA-DESAFIADOR-ENCORAJADOR’’,, em vez da
discussão sobre o que realmente nos preocupa como nação.
Como
cidadão, tenho dificuldades em fazer o descasque do que foi lido pelo Presidente da República, devido aos factores metodológicos e de forma
acima referidos.
Para
terminar, foi notório o ‘’golpe político’’ aplicado pelo Presidente da
República que também é Presidente da Frelimo ao anunciar o pagamento do
décimo terceiro salário no mês de Janeiro em plena quadra festiva.
É
preciso lembrar que este discurso é emitido numa época em que se os
principais partidos do país (Frelimo, Renamo e MDM) se preparam para as
eleições intercalares de Nampula (24 de Janeiro 2018), no mesmo ano que o
país vai realizar as eleições autárquicas, antes das gerais (2019).
Anunciar
o pagamento do décimo terceiro salário foi típico de uma estratégia de
‘’marketing político e eleitoralista’’, pois, sabe-se que é a partir dos
funcionários públicos que o Estado se abastece em momentos eleitorais e
a sua insatisfação pode trazer dissabores para o partido-Estado.
Outrossim,
ficou-se com a errada impressão que aquele anúncio fosse um favor ou
prenda do ‘’pai natal Nyusi’’, esquecendo que é atribuição do Estado
pagar o décimo terceiro salário e não é nenhum favor como se tentou
apregoar.
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